Portas recorda o "artífice da transição" que evitou "revoluções desnecessárias"

O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, recordou hoje Adolfo Suárez como um "artífice da transição espanhola", que "fez as reformas que tornam as revoluções desnecessárias", transformando "combate em debate" e privilegiando o "compromisso" em detrimento do "conflito".
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"Adolfo Suárez foi o homem certo no momento necessário, fez as reformas que tornam as revoluções desnecessárias, que evitam o sangue, que transformam o combate em debate, que privilegiam o compromisso sobre o conflito", afirmou Paulo Portas numa declaração escrita enviada à Lusa.

O líder centrista português declarou que, na sua presidência no Governo espanhol, Suárez "fechou feridas, cultivou consensos e cumplicidades com os seus adversários - em nome do interesse maior do seu país - e forjou, com o apoio da Coroa, uma Espanha democrática, aberta e desenvolvida".

"Artífice da 'transição espanhola', no que foi acompanhado pela chamada 'geração constitucionalista' de políticos e homens de Estado em Espanha, teceu a liberdade política e económica, e foi essencial na construção da democracia, pluralista, e de um Estado, assente na diversidade, moderno e europeu", afirmou.

"Homem de valor e de valores, nem mesmo perante a ameaça, das armas de Tejero, baixou a cabeça", sublinhou Paulo Portas, numa referência à tentativa de golpe de Estado em 23 de fevereiro de 1981.

Quando os golpistas entraram armados na sala das sessões do Congresso dos Deputados, Suárez e o líder do Partido Comunista Espanhol, Santiago Carrillo, permanecem de pé, ao contrário dos restantes deputados, que se refugiaram debaixo das bancadas.

Paulo Portas recorda Suárez como amigo das relações entre Portugal e Espanha e, no plano partidário, do CDS.

"Hoje, Adolfo Suárez é velado por todo um país, por todos os políticos, por todas as fações, por todos os que sabem que a democracia existe, em boa medida, graças ao seu engenho e coragem. Que descanse em paz, ele que a procurou e construiu", afirmou Portas.

Adolfo Suárez, primeiro presidente do governo de Espanha após a ditadura de Franco (1936-1975), morreu no domingo na capital espanhola aos 81 anos.

Suárez estava internado desde a passada segunda-feira, depois de ter sofrido um agravamento do seu estado neurológico.

Foi um político chave na transição pacífica da ditadura para a democracia em Espanha, tendo marcado o seu mandato a aprovação da lei da amnistia, a legalização dos partidos e sindicatos e a convocação das eleições livres de 1977.

O Governo espanhol decretou três dias de luto oficial pela morte do político.

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